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#Resenha: Orgulho e Preconceito e Zumbis - Jane Austen e Seth Grahame-Smith

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Orgulho e Preconceito e Zumbis (Pride and Pejudice and Zombies)
Autores; Jane Austen e Seth Grahame-Smith
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 320

"No romance clássico, Jane Austen iniciava a saga das casadouras irmãs Bennet com o aviso: “É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro, possuidor de uma grande fortuna, deve estar em busca de uma esposa.” Agora, porém, a história é outra...
No tranquilo vilarejo de Meryton, nossa heroína, a guerreira Elizabeth Bennet, treinada nos rigores das artes marciais, está determinada a eliminar a ameaça zumbi. Até que sua atenção é desviada pela chegada do altivo e arrogante Sr. Darcy. Ela conseguirá superar os preconceitos sociais dos grandes aristocratas ingleses, tão ciosos e orgulhosos de seus privilégios?
Grahame-Smith transfigura as famosas passagens do texto de Jane Austen em uma deliciosa comédia de costumes. Além dos embates civilizados e repletos de cortesia entre o casal de protagonistas, inclui batalhas violentas, em confrontos cheios de sangue e ossos quebrados. Conjugando amor, emoção e lutas de espada com canibalismo e milhares de cadáveres em decomposição, Orgulho e preconceito e zumbis transforma uma obra-prima da literatura mundial em uma história sangrenta que você não vai conseguir parar de ler.
Em 2016, o livro ganha adaptação para o cinema, com direção de Burr Steers e estrelado por Lily James."

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Se você achou a ideia do livro bizarra ou pensou ter lido errado, nada tema. Você não está sozinho. Grande motivo para que eu tenha me aventurado para o lado dos mashups, especialmente de Orgulho e Preconceito foi, confesso, por causa da adaptação cinematográfica que, a princípio, achei que seria a maior furada. Mas, depois de assistir repetidas vezes, resolvi que era hora de atacar a raiz do problema e seguir para os livros, então comprei Orgulho e Preconceito e Zumbis tão logo ele entrou em promoção.
O autor fez um bom trabalho em dar Ctrl + C, Ctrl + V em boa parte da história e, se você engata o original neste, consegue notar a mesma sequência de atos e fatos dos personagens, inclusive muitas das falas, especialmente as icônicas. Neste meio tempo, ele soube inserir sutilmente os zumbis, preparando o território para que seu twist sobrenatural fosse, ao menos, plausível.

"É uma verdade universalmente aceita que um zumbi, uma vez de posse de um cérebro, necessita de mais cérebros."
(pág. 07)

Eu não sou fã de zumbis, mas existem pouquíssimas exceções que, surpreendentemente, tem sido abertas pelas adaptações dos respectivos livros. Como eu gostei muito do filme e, depois, da obra original, resolvi dar uma chance e a proposta revela-se até interessante. Elizabeth Bennet e suas irmãs enfrentam uma Inglaterra infestada de zumbis e precisam defender não só a si mesmas como Longbourn, estando entre as melhores guerreiras do reino.
As belíssimas casas transformaram-se em fortalezas bem equipadas e Londres foi cercada por uma grande muralha. Ninguém sabe ao certo como começou, mas esses seres inomináveis multiplicam-se rapidamente. Para as moças, basta de cuidados com a casa e com os maridos, enquanto estes não aparecem, e precisam aprender, no mínimo a se defenderem.
Os mais ricos vão até o Japão e os mais sábios, procuram as artes chinesas. Todas as meninas Bennet permaneceram no templo Shaolin durante meses para aprender as melhores técnicas de combate, tornando-as letais. Reputação que elas mantêm com intensos treinos diários, o que contribuir para fortalecerem seu vínculo fraterno.

"- Uma mulher deve ter amplos conhecimentos de música, canto, desenho, dança e idiomas modernos; também deve possuir treinamento de qualidade nos diferentes estilos de luta dos mestres de Kyoto, nas modernas táticas e nos armamentos europeus."
(pág. 34)

A vida social, no entanto, sofre uma reviravolta com a chegada de novos moradores a Netherfield. Lizzie e Jane chamam a atenção dos novos visitantes, o Sr. Bingley e o enigmático Sr. Darcy. Nem a ameaça dos inomináveis poderia afastar jovens tão interessantes e que, logo no primeiro baile público, dão um show de habilidades e letalidade.
Os zumbis transformaram o modo de vida dos ingleses, espalharam o medo, a desconfiança e a morte por todo o território. Mas, o que o autor busca com essa mistura com uma das mais clássicas de histórias da literatura é provar que, não importa a época ou as circunstâncias, sempre seremos capazes de encontrar tempo para a diversão, a socialização e, principalmente, o amor.

"Ela desfechou um soco cruel, penetrando na caixa torácica do ninja, e em seguida retirou a mão, com o coração do ninja ainda batendo entre os dedos."
(pág. 130)

Certos aspectos de Orgulho e Preconceito e Zumbis me desagradaram, especialmente alguns trechos da narrativa em que o autor atribuiu alguns comportamentos a determinados personagens que não serviram para outra coisa senão denegrir sua imagem, já muito pouco explorada pela história em si. Sem contar que tais passagens em nada influenciaram no desenrolar do enredo, o que me deixou um pouco irritada com as insinuações do autor que, afinal de contas, de nada serviram a não ser para apimentar a história (de um jeito bastante errado e ridículo).
O livro é, sem dúvidas, muito diferente do seu filme, então não precisam se preocupar caso não gostarem de um ou de outro. Eu, particularmente, prefiro muito mais o filme. Um detalhe que achei bem legal foi a inclusão de algumas ilustrações no livro de breves passagens da narrativa. Isso auxiliou para que pudéssemos visualizar um pouco o ambiente descrito por Grahame-Smith.
Certas passagens ficaram muito interessantes e me surpreenderam bastante, já que o filme não as reproduziu, o que foi uma pena. Não é uma leitura extraordinária, capaz de entrar para os favoritos, mas tem seu mérito e acredito que a proposta tenha sido cumprida, especialmente ao dar destinos tão pouco prováveis para personagens como Charlotte Lucas, a melhor amiga de Eliza, o Pastor Collins e George Wickham, inimigo de Darcy.

"Um de seus chutes atingiu-o em cheio, e Darcy foi arremessado contra o console de pedra da lareira, com tanta violência, que partiu um dos cantos. Limpando o sangue da boca, ele a olhou com um sorriso de incredulidade."
(pág. 151)

Descobri que o livro possui uma continuação, embora nas mãos de outro autor (que estranho!) e, mesmo não tendo adoraaado essa história, a sinopse me chamou bastante a atenção, talvez por se desenvolver um pouco mais, saindo desse lugar-comum de adaptação de obra renomada.
Não sei se leria, acho muito difícil que a editora traga para o Brasil, mas fica como pendência na minha lista de livros, só não sei ao certo quando encontraria tempo e afinidade para essa leitura. Gostei que a capa original foi mantida, mas preferia muito mais ter uma com a capa do filme (guardem este momento, pois vocês dificilmente me verão defender a capa do filme!). A leitura é bastante confortável com a diagramação e encontrei poucos erros.
Se você está em busca de algo diferente, uma releitura de um clássico, Orgulho e Preconceito e Zumbis é uma experiência literária distinta do que estamos acostumados. Nada realmente de surpreender ou causar alvoroço, mas uma proposta fora do lugar-comum e uma oportunidade para que pessoas não muito fãs do romantismo tenham sua sede de sangue saciada.


Classificação final:



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